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sábado, dezembro 10, 2011

Entrevista do Tarô Feminista - Luciana Onofre

Entrevista do Tarô Feminista – Luciana Onofre

Luciana Onofre

Uma taurina com ascendente em Leão.
Nascida na Colômbia e habitante da Terra Brasilis atualmente.
Pesquisadora do Sagrado Feminino, dos seus mitos e mitologias.
Theateísta.
Tarologista por paixão.
Escreve em vários espaços ligados a esses temas desde o ano 2000.
Entre eles os extintos sites Magia da Deusa, PanDea, Santíssimas.org, Magical, Tribos de Gaia.
Já colaborou nos sites: Rede Matríztica, Universo EcoFeminino, Crianças Pagãs.
Atualmente sua escrita pode ser acessada no Divinare, no blog Taroteando. Ambos espaços dedicados aos Oráculos e ao Tarot.
Assim como no Mamães Matrízticas... dedicado ao mundo de casa, filhos e "fazeres mágicos" no Vassouras & Bruxas.
Taróloga por escolha e fascinação, focando em especial aos Oráculos do Feminino.
Aprendiz de herborista e de artesã.
Coordena junto a outra mulheres, o grupo matriztico circular, Ciranda das Mulheres Sábias, com nichos e encontros em São Luis/MA, São Paulo, e Santa Catarina/ Brasil.
Tradutora Pública e Interprete Comercial do Estado do Maranhão/Brasil, e professora de Espanhol.


"Deviant Moon Tarot" de Patrick Valenza  
 

1)      Como surgiu a sua relação com o Tarô? E com Oráculos?


De pequena eu via minha mãe ler o baralho espanhol, que difere um pouco daquele que usam em jogos de salão aqui no Brasil. 
Eu via que ela curtia aquele momento e que as pessoas a buscavam com muita fé naquilo que ela lia... Aos 8 anos ganhei um mini baralho mas não espanhol e sim do estilo poker... 
E então se fez [quiçá por uma dinâmica de imitar minha mãe e de empatia] um cotidiano na escola, nos recreios de ler "las cartas" para minhas amiguinhas, e isso numa escola católica de freiras franciscanas se constituía numa senhora transgressão! 
Não sei ao certo se as coisas que eu "dizia/lia" eram previsões certeiras, mas lembro claramente que eu não falava de coisas de criança ao ler, ou seja, eu lia coisas que às vezes não tinham sentido para nós, dentro do nosso universo infantil.
Daquele momento em diante, a vontade em saber do devir pelas minhas "próprias mãos" jamais deixou de acontecer.
Outros sistemas me foram apresentados.
Uma das coisas que eu fazia sem orientação era a de buscar respostas do estilo "sim e não" em manifestações do céu... formato de nuvens, cores no céu...ausência ou presença de estrelas...
Aos 13 anos soube sobre o contato com o mundo dos idos, aprendi algumas formas sobre o como fazer essa conexão.
Mas meu encontro com o Tarot se deu aqui no Brasil. Em 1990 conheci o Tarot formalmente, aquele tradicional de 78 arcanos...
Numa tarde meio cinza, sentei à mesa duma amiga, que muito cito, a Bette, numa leitura que ela faria sobre minha vida... pois iria começar uma nova etapa, acabara eu de passar no vestibular para Ciências Econômicas na UFMA.
Ela abriu uma caixa de papelão antiga, retangular, coberta por um papel estampado inglês, e de lá saiu um Tarot Egípcio...
Dali em diante me familiarizei com aquele mundo que sempre adquiria cores e formas diversas.
Mas meu encontro com ele, eu com intenções indo mais além de que ser consulente, aconteceu após o nascimento da minha filha Alícia María. Em 2000.
Senti uma necessidade em saber mais, em criar um elo com aquelas 78 páginas de um livro-vida...

 
Carta da Temperança, do "Gaian Tarot" de Joanna Powell Colbert 




2)  Qual é a sua filosofia pessoal para ler Tarô ou Oráculo?
 
Eu vejo, sinto no Tarot uma experiência espiritual, religiosa, porém não permeada de "pirotecnia", de apresentações rocambolescas... E sim revestido de uma sacralidade tamanha, como se por meio dele, eu pudesse acessar [dentro de mim e fora de mim],  níveis tão profundos do meu sagrado, como quando ritualizo em festivais e datas especiais... Então ler o Tarot é para mim é manter um encontro sublime com uma energia que me vivifica e me torna melhor.  Assim as leituras jamais partem de mim dentro do que as pessoas em geral esperam: algo que se remete ao corriqueiro, ao trivial. A leitura tem que ser algo mais. 


Tarô "Daughters of the Moon" de Ffiona Morgan

 
3) Quais são os seus decks (Tarô e/ou Oráculo) favoritos? Por quê?


Costumo dizer que no único quesito da minha vida no qual não sou fiel, é exatamente esse: decks de Tarot! 
Me é impossível criar um laço único, eu me apaixono perdidamente por formas, cores, símbolos, e isso torna fácil que a sedução se imponha mil e uma vezes! 

Com tudo posso dizer que não me convencem decks muito masculinos ou permeados de informações "extras" ou alheias ao conceito base do Tarô, ou seja eu não possuo nem me vejo adquirindo decks aonde dados como símbolos alquímicos, de alta magia, ou cabalísticos tenham preponderância...

Ganhei de presente dum amigo muito "gentleman" o Wilwood Tarot, e confesso que estou em completo enlevo com ele... Mas de fato decks com um toque soturno são aqueles que me deixam em devaneios! Vide o Deviant Moon Tarot, o Bohemian Tarot!
Mas na minha pequena coleção é possível realizar um tour de formas partindo da leveza do Paulina Tarot, passando pelas cores vivas do Kitchen Tarot e chegando a um Deviant Moon enlouquecedor e surpreendente! 


"The Wise Woman´s Tarot" de Flash Silvermoon


4)  Como começou o seu envolvimento com os Oráculos do Feminino?
 
 Eu sou uma fêmea circular, matrística, feminista, e partindo destas premissas meu gosto por tudo aquilo que se remete a esse fazer pessoal, político e espiritual me é querido...
Daí que eu "garimpe" de forma quase cotidiana oráculos aonde o feminino é pauta.
Há claro uma grande dificuldade em encontrar material assim in loco, entre tanto essa procura permite que adentremos na ideologia de quem os concebe, e as dinâmicas transculturais aonde eles são paridos.


"Motherpeace tarot" de Vicki Noble e Karen Vogel


 
5) Por favor, fale-nos um pouco sobre o seu trabalho nos blogs de Tarô.
 
Eu sou "escrevinhadora", não diria escritora, pois é pretensão em demasia me entender assim... Me vejo como uma pessoa com necessidade premente em transpor com letras o que sente e pensa...

Por isto ter eu um fazer tão amplo de escrita em blogs.
Para o Tarot, eu dediquei especial espaço, e criei o Taroteando.
Nele elenco meus gostos, minhas descobertas e compartilho lunações.
Não objetivo ali uma produção "científica" sobre a Tarologia.
Apenas coloco meu ponto de vista, sobre decks, sobre minhas adquisições, sobre o meu fazer diário com o Tarot.
E devo dizer que escrever neste blog, me é um deleite, me é um momento aonde a leveza em estar falando, pensando e compartilhando algo sobre Tarot, proporciona estado de prazer. 


"Medicine Woman tarot" de Carol Bridges



6) Qual é o conselho que você daria para futuras tarólogas e estudantes de tarô?
Diria que não é coisa para um dia, um mês, ou uma semana.

É algo que se você permitir germina. E precisa para isso de subsídios, de tempo, de vontade e constância. Mas uma vez germinado se tem a certeza de que o Tarot e seu universo, são fatos permanentes para cada um, e veículos certeiros de auto-conhecimento e crescimento pessoal.

Para terminar eis meu agradecimento, e felicidade em poder falar de algo que me é tão querido, além da honra em receber este convite. 

Muito obrigada querida Aphrodisiastes! 

Sempre grata,

Luciana 

"Goddess Tarot" de Kris Waldherr
Muito obrigada, Luciana, por conceder essa entrevista e pelo seu maravilhoso trabalho em divulgar sobre o Tarô e o Sagrado Feminino no Brasil.
Bênçãos em IRMÃdade,
)O( Aphrodisiastes )O(


terça-feira, setembro 27, 2011

Você sabe como avaliar se um deck de tarô ou oráculo é feminista?


Você sabe como avaliar se um deck de tarô ou oráculo é feminista?
Vamos aprender isso agora?
Para entender melhor como eu realizo a minha avaliação, vou explicar o conceito no qual me baseio. A atriz feminista Geena Davis (Thelma e Louise – com Susan Sarandon, Uma Liga Especial – com Tom Hanks, Rosie O´Donnel e Madonna, e a série Commander in Chief na qual ela interpreta a primeira presidenta dos Estados Unidos) fundou um instituto chamado Geena Davis Institute on Gender in Media (Instituto Geena Davis sobre Gênero na Mídia) para analisar e avaliar filmes e desenhos, assim como o número de personagens de ambos os sexos e os papéis que eles representam. Já notaram que em desenhos e filmes infantis a maioria dos personagens é masculina? Exemplos: A Caverna do Dragão, Smurfs, Toy Story, Muppet Babies, Capitão Planeta, Tartarugas Ninja, etc. E o papel de líder geralmente é realizado pelos personagens masculinos, deixando as personagens femininas (que são minoria) em posição de passividade. Este fato interfere na concepção das crianças (meninas e meninos) sobre gênero e papéis sociais. É uma mensagem subliminar sobre desigualdade sexual, enfatizando que homens devem liderar e mulheres devem ser lideradas, que homens são a maioria ativa e as mulheres são a minoria passiva. É por meio desse conceito que eu baseio minha análise dos tarôs e dos oráculos.


Tarô Rider Waite Smith - Arcanos Maiores: O Hierofante, O Louco e A Temperança.


Passo 1 - Contagem:
Conte quantos personagens femininos e masculinos há no deck.  Por exemplo, sem incluir figuras andrógenas, ambíguas e impossíveis de se identificar, a minha contagem do deck de Tarô Rider Waite Smith foi de:
67 personagens masculinos.
25 personagens femininos.
            Deve-se levar em consideração que este deck apresenta, nas cartas da Corte, uma desigualdade entre o número de personagens masculinos e femininos, com: 4 Pagens, 4 Cavaleiros e 4 Reis para apenas 4 Rainhas. É preciso esclarecer que não é apenas o número de personagens que conta, mas principalmente o papel desempenhado por cada um destes personagens.
Passo 2 – Análise dos Papéis desempenhados pelos Personagens:
Personagens Femininos: Em minha análise, há mais homens desempenhando papéis de iniciativa e de liderança do que mulheres. A estas coube o papel de introspecção. A Rainha de Espadas porta a sua espada em sua mão direita de forma branda, enquanto apazigua com a sua mão esquerda, muito diferente dos personagens masculinos que aparecem com espadas no decorrer do deck (Pagem de Espadas, Cavaleiro de Espadas,...). A Lua e o Mundo demonstram personagens femininas em um deslumbre introspectivo, como um transe. A Justiça é uma das poucas cartas que mostra iniciativa e liderança, ela pesa e, se julgar necessário, toma a iniciativa de punir ou absolver. As Rainhas são mais contemplativas, enquanto umas contemplam o mundo interior (Rainha de Copas e Rainha de Pentáculos), as outras contemplam o mundo exterior (Rainha de Paus e Rainha de Espadas). A Rainha de Espadas é a que demonstra maior relação com o mundo exterior, ao estender a sua mão esquerda, como se estivesse chamando ou abençoando. A Alta Sacerdotisa e a Imperatriz permanecem sentadas, olhando para o consulente como se esperassem que alguém tomasse a iniciativa de ir até elas, novamente com o foco no mundo emocional e interior. O Nove de Pentáculos mostra uma mulher segura, porém passiva, como se não estivesse interessada em trilhar uma jornada de crescimento, pois está satisfeita com sua estabilidade. A Força é outra carta que retrata uma mulher tendo uma iniciativa. Mesmo com o seu semblante sereno (não há mulheres neste deck com semblante de fúria ou de raiva), ela se esforça para domar o leão. Este é o caminho que ela escolheu (ou que ela precisa trilhar). Assim ela o faz com liderança e determinação. O Oito de Espadas é a carta onde a personagem feminina é representada de forma mais passiva. As oito espadas fincadas no chão demonstram a incapacidade (ou a falta de vontade) dessa mulher de tomar a iniciativa para se libertar dessa situação de total opressão na qual foi colocada (ou na qual se colocou). Por fim, o Três de Copas, esta carta mostra três mulheres festejando, embora o tema não seja propriamente iniciativa, podemos concluir que elas festejam o alcance de alguma meta pela qual lutaram juntas.  
Personagens Masculinos: Comparados com as Rainhas, que não olham diretamente para o consulente, há dois Reis que olham (Rei de Copas e Rei de Espadas). O seu olhar tem a mesma segurança da mulher na carta da Justiça. Os outros Reis (Rei de Pentáculos e Rei de Paus) contemplam o mundo externo. Avaliação de novas jornadas (Dois de Paus), batalhas (Cinco de Paus), caridade e auxílio (Seis de Pentáculos) são características de liderança atribuídas aos personagens masculinos neste deck. Você não vê uma mulher montada em um cavalo, o que simboliza objetividade e iniciativa. Até mesmo em imagens opressoras como no caso do Dez de Paus e do Cinco de Espadas, houve iniciativa desses personagens masculinos que acabaram liderando para situações não tão agradáveis, mas houve uma ação de livre e espontânea vontade. Não encontramos uma mulher sendo recebida com uma coroa de louros e com estima pela população como no caso do cavaleiro na carta Seis de Paus. Somente homens podem ser cavaleiros e heróis?! Nas cartas do Carro, Louco (que tem aparência andrógina, mas por causa da tradução para o português, acabou pertencendo a um gênero específico) e Eremita, vemos personagens masculinos que foram em busca de algo, que iniciaram a sua jornada por livre e espontânea vontade e independente da opinião alheia.
Personagens Femininos e Masculinos em uma mesma carta: A carta dos Enamorados mostra uma representação equilibrada de ambos os sexos, com um anjo assexuado sobre eles, abençoando-os. Porém, a conotação bíblica de Adão e Eva corrompe esse equilíbrio. A mensagem bíblica é: Eva recebe mensagens do diabo por meio da serpente na macieira, já Adão recebe mensagens de deus por meio do fogo na sarça ardente. Bem sabemos que a macieira era uma árvore devotada à Deusa (assim como toda a natureza vegetal, animal e mineral) e a serpente era o Seu animal sagrado. A mulher, por sua vez, era a Sua sacerdotisa. Como o patriarcado queria combater e desacreditar o poder da Deusa e a autonomia das mulheres, este mito de Adão e Eva foi criado com a mulher sendo a culpada pelo pecado original, com a maçã sendo fruto da tentação (na verdade, era o fruto do conhecimento) e com a serpente sendo o agente enviado pelo próprio diabo (na verdade, a serpente era um símbolo antigo da Deusa e representava renovação e renascimento por causa de sua troca de pele). Na bíblia, a gênese foi último livro escrito, embora ele seja tido como o primeiro. Foi preciso escrevê-lo depois que a bíblia já tinha sido finalizada, pois era preciso criar um modo de atribuir o mal à mulher e fazê-la submissa ao homem, já que os demais livros não apresentavam um motivo claro para isso.


Tarô Rider Waite Smith - Arcanos Maiores: os Enamorados e o Diabo.

Na carta do Diabo (carta oposta aos Enamorados), há também um equilíbrio entre os sexos, mas há uma “cauda” nos personagens que faz alusão à natureza na mulher (a mulher e a natureza eram associadas por causa de seus ciclos; os homens patriarcais sempre tentaram domá-las e subjugá-las, pois as julgavam imperfeitas) e à sarça ardente no homem (o homem como o único mensageiro de deus, puro e superior, aquele com o fogo da iluminação).
Segundo a minha análise, as cartas que apresentam total igualdade entre os sexos são: o Julgamento, Dez de Copas, Cinco de Pentáculos, a Torre, Quatro de Paus e Dois de Copas. Há um equilíbrio e uma abordagem voltada ao companheirismo (até mesmo em situações difíceis), onde um não é melhor que o outro, os dois são considerados da mesma forma.
Passo 3 – Cartas-chave:
Cada deck de tarô ou oráculo possui a sua forma particular de visualizar e interpretar o mundo. Por isso, é preciso analisar a proposta do criador do deck para compreender melhor essa visão de mundo. Há cartas de grande importância nesse processo de avaliação. Preste atenção nas seguintes cartas: a Alta Sacerdotisa, a Imperatriz, a Força, a Justiça, a Estrela, o Mundo, o Três de Copas, o Nove de Pentáculos e as Rainhas. Essas cartas representam a forma como o criador do deck entende a mulher, o feminino e o papel das mulheres na sociedade. Verifique também se há Princesas (personagens femininos) ao invés de Pagens (personagens masculinos).
Passo 4 – Informações do Criador e do Deck:
Leia atentamente o livro que vem junto com o deck. Analise as interpretações das cartas (normais e invertidas), assim como as tiragens e a história de criação. Procure ler entrevistas do criador do deck falando sobre o processo de produção, inspiração, conclusão, expectativas, objetivos,... Esse baralho será a sua ferramenta para conectar a Divindade dentro e fora de você, por isso é preciso estar segura de não estar utilizando uma ferramenta que trás mensagens subliminares misóginas, machistas e preconceituosas. Procure se informar sobre outras pessoas que utilizam/utilizaram esse deck (há ótimas revisões de decks de tarô e oráculos na internet, pesquise no Google), o que eles acharam de bom e de ruim. Depois de reunir informação, gere a sua própria opinião.
Passo 5 – Pergunte a si mesma e ao próprio Tarô/Oráculo:
Faça perguntas sobre como você se sente em relação a determinado deck ou oráculo. Por que prefere um a outro? O que te faz se sentir bem com este? O que te faz se sentir mal? Tem dificuldades? Tem facilidades? Quais? Qual é a sua carta preferida? Qual a sua carta menos preferida? Por que? O oráculo/tarô fala com você? Como? Fique livre para acrescentar outras questões. É muito importante saber sobre a relação entre você e o seu baralho.
            Pergunte ao próprio Tarô/Oráculo. Isso mesmo, pergunte a ele: Você engloba o conceito feminista? Qual é o ensinamento (feminista ou outro tido de ensinamento) que você vem me transmitir? Qual a melhor maneira de te utilizar? Como posso estabelecer uma relação feminista e divina com você? Tire uma ou até três cartas para cada pergunta. Dessa forma, você estará respeitando as Deusas do Destino e permitindo que elas se expressem com ensinamentos para a melhor forma de se comunicar por meio desse determinado tarô/oráculo.
            Espero que essas dicas tenham ajudado. Saibam que de maneira alguma a minha opinião/análise é a verdade absoluta e que você é livre para concordar, discordar ou adaptar o que sugeri aqui. O Tarô é uma prática pessoal e íntima. E o respeito e a liberdade são sempre incentivados.
       Bênçãos em IrmÃdade,

)O( Aphrodisiastes )O(

domingo, setembro 25, 2011

O que é Feminismo?

Olá, leitores
Sou Aphrodisiastes, uma bruxa diânica feminista, membro do coven Susan B. Anthony Coven Number 1 de Z Budapest e aluna do curso de Tarô Feminista de Z Budapest.
Meu intuito ao criar este blog é compartilhar, assim como desenvolver, materiais sobre oráculos e tarôs voltados para o sagrado feminino e/ou com cunho feminista.
Primeiro, eu gostaria de divulgar um trabalho excelente desenvolvido por Luciana Onofre sobre Oráculos do Feminino em seu blog com o mesmo nome. Se eu não me engano, este blog foi fundido com um blog coletivo chamado Divinnare, mas o conteúdo sobre Oráculos do Feminino foi mantido nos arquivos. Sugiro que vasculhem os arquivos do blog Divinnare, pois lá há muitas coisas preciosas sobre a arte divinatória feminista. Deixo, abaixo, o endereço de ambos os blogs, respectivamente:
http://tarotteando.blogspot.com/     -   Blog Taroteando de Luciana Onofre
http://divinnare.blogspot.com/        -   Blog coletivo Divinnare
           


         Gostaria de esclarecer algumas coisas antes de começar com os posts seguintes. Vamos falar sobre Feminismo. Sinto que ainda há muito preconceito entre mulheres e homens quando ouvem as palavras “feminismo” e “feminista”, como se fosse algum tipo de machismo às avessas. Isso é um mito e foi desenvolvido exatamente para desmerecer a importância do conceito feminista. Feminismo é a luta de mulheres (e de homens também) para combater a ideologia desigual de que um sexo é superior ao outro. O movimento feminista luta pela igualdade entre homens e mulheres, por um ambiente social justo para ambos. Nós, mulheres, não queremos ser homens, nem queremos o lugar deles, o que queremos é ser tratadas com consideração e respeito para que possamos alcançar de forma justa o nosso lugar (por direito) na sociedade em que vivemos e que ajudamos a construir.
Os homens machistas temem que as mulheres, com a sua liberação, retirem o falso status de poder que eles conseguiram através da subjugação e escravização do outro (neste caso, do sexo feminino). É como um senhor de engenho que não quer que seus escravos se emancipem, pois assim deixará de ser o senhor de alguém. Da mesma forma que um empresário explorador e tirano que não quer que seus funcionários estudem, formem sindicatos, tenham os seus direitos, pois ele poderia “perder o seu trono” e ter que lidar com uma relação entre iguais. Essa idéia de posse sobre o outro vem do patriarcado (que significa “governo do pai”). O patriarcado surgiu quando as tribos nômades (hordas), que cultuavam um deus de guerra e de violência, começaram a invadir e escravizar as demais tribos pacíficas não-nômades e que cultuavam a Deusa, matando os homens, as crianças e os idosos e escravizando as mulheres para que fossem as suas concubinas. Ao mesmo tempo, essas hordas impunham a fé em seu deus, um deus opressor e de derramamento de sangue. E como elas eram governadas pela linhagem masculina, somente homens tinham poder, e viam tudo o que era feminino como inferior e digno de ser dominado pelo masculino, receberam o nome de patriarcado.
            Desde então, as mulheres vêm sofrendo repressões e violências sem igual, barbaridades que variam a sua forma, sua intensidade e sua freqüência conforme a época e a região, mas a crueldade é sempre a mesma. E hoje temos o machismo (originado do patriarcado) que, segundo o dicionário Michaelis, significa: sm (macho+ismo) 1 Atitude ou comportamento de quem não admite a igualdade de direitos para o homem e a mulher, sendo, pois, contrário ao feminismo. Enquanto que para o Feminismo temos a seguinte definição: sm (lat femina+ismo) 1 Sociol Movimento iniciado na Europa com o intuito de conquistar a equiparação dos direitos políticos e sociais de ambos os sexos. Que fique claro que o Feminismo defende os direitos iguais para ambos os sexos. Por isso, se você, homem ou mulher, acredita que deve haver um mundo justo tanto para homens quanto para mulheres, sejam bem-vindas/os. Você é um/a feminista! E não tenha vergonha de dizer isso. Se alguém é contra o racismo, o machismo, a xenofobia, a pedofilia, a homofobia etc, por que não ser contra a forma de injustiça contra as mulheres? Injustiça é injustiça e precisa ser combatida! Sou feminista e me orgulho disso.
Feminismo não é machismo ao contrário. O oposto ao machismo é o femismo. Esse termo foi criado para designar a idéia desigual de mulheres sendo superiores aos homens e, por isso, devendo dominá-los. Lembram-se daquelas piadinhas pseudofeministas que às vezes recebemos em nossos e-mails, que contam sobre uma mulher que subjugou um homem? Essas piadas são femistas e não Feministas. Feminismo defende a igualdade entre os sexos. Não há oposto ao Feminismo, pois a criação do Machinismo nunca foi necessária, os homens sempre foram respeitados enquanto homens e foram raras as ameaças aos seus direitos.
Para que o movimento feminista fosse desacreditado, várias mentiras e mitos foram inventados. Nós não matamos os nossos maridos nem os nossos filhos, não somos antifamília (acreditamos em uma nova concepção de família, com a igualdade de diretos entre os pais), não nos tornamos lésbicas simplesmente por sermos feministas (respeitamos a livre escolha de cada um e somos a favor da diversidade sexual) e só praticam bruxaria aquelas que assim desejam (o Feminismo defende a liberdade religiosa e combate as religiões que oprimem as mulheres).
Espero que com esse breve post eu tenha conseguido desmistificar alguns preconceitos sobre o que é Feminismo. Muitos desses preconceitos nos foram ensinados e muitas vezes os aceitamos sem questioná-los. Precisamos romper esse paradigma e mudar essa situação injusta. Precisamos desaprender o errado e reaprender o que realmente é certo. Como disse Glória Steinem: “O primeiro problema para todos nós, homens e mulheres, não é aprender, mas desaprender.”.

Três de Copas (Tarô Rider Waite Smith)
Bênçãos em IRMÃdade,
)O( Aphrodisiastes )O(