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sábado, dezembro 10, 2011

Entrevista do Tarô Feminista - Luciana Onofre

Entrevista do Tarô Feminista – Luciana Onofre

Luciana Onofre

Uma taurina com ascendente em Leão.
Nascida na Colômbia e habitante da Terra Brasilis atualmente.
Pesquisadora do Sagrado Feminino, dos seus mitos e mitologias.
Theateísta.
Tarologista por paixão.
Escreve em vários espaços ligados a esses temas desde o ano 2000.
Entre eles os extintos sites Magia da Deusa, PanDea, Santíssimas.org, Magical, Tribos de Gaia.
Já colaborou nos sites: Rede Matríztica, Universo EcoFeminino, Crianças Pagãs.
Atualmente sua escrita pode ser acessada no Divinare, no blog Taroteando. Ambos espaços dedicados aos Oráculos e ao Tarot.
Assim como no Mamães Matrízticas... dedicado ao mundo de casa, filhos e "fazeres mágicos" no Vassouras & Bruxas.
Taróloga por escolha e fascinação, focando em especial aos Oráculos do Feminino.
Aprendiz de herborista e de artesã.
Coordena junto a outra mulheres, o grupo matriztico circular, Ciranda das Mulheres Sábias, com nichos e encontros em São Luis/MA, São Paulo, e Santa Catarina/ Brasil.
Tradutora Pública e Interprete Comercial do Estado do Maranhão/Brasil, e professora de Espanhol.


"Deviant Moon Tarot" de Patrick Valenza  
 

1)      Como surgiu a sua relação com o Tarô? E com Oráculos?


De pequena eu via minha mãe ler o baralho espanhol, que difere um pouco daquele que usam em jogos de salão aqui no Brasil. 
Eu via que ela curtia aquele momento e que as pessoas a buscavam com muita fé naquilo que ela lia... Aos 8 anos ganhei um mini baralho mas não espanhol e sim do estilo poker... 
E então se fez [quiçá por uma dinâmica de imitar minha mãe e de empatia] um cotidiano na escola, nos recreios de ler "las cartas" para minhas amiguinhas, e isso numa escola católica de freiras franciscanas se constituía numa senhora transgressão! 
Não sei ao certo se as coisas que eu "dizia/lia" eram previsões certeiras, mas lembro claramente que eu não falava de coisas de criança ao ler, ou seja, eu lia coisas que às vezes não tinham sentido para nós, dentro do nosso universo infantil.
Daquele momento em diante, a vontade em saber do devir pelas minhas "próprias mãos" jamais deixou de acontecer.
Outros sistemas me foram apresentados.
Uma das coisas que eu fazia sem orientação era a de buscar respostas do estilo "sim e não" em manifestações do céu... formato de nuvens, cores no céu...ausência ou presença de estrelas...
Aos 13 anos soube sobre o contato com o mundo dos idos, aprendi algumas formas sobre o como fazer essa conexão.
Mas meu encontro com o Tarot se deu aqui no Brasil. Em 1990 conheci o Tarot formalmente, aquele tradicional de 78 arcanos...
Numa tarde meio cinza, sentei à mesa duma amiga, que muito cito, a Bette, numa leitura que ela faria sobre minha vida... pois iria começar uma nova etapa, acabara eu de passar no vestibular para Ciências Econômicas na UFMA.
Ela abriu uma caixa de papelão antiga, retangular, coberta por um papel estampado inglês, e de lá saiu um Tarot Egípcio...
Dali em diante me familiarizei com aquele mundo que sempre adquiria cores e formas diversas.
Mas meu encontro com ele, eu com intenções indo mais além de que ser consulente, aconteceu após o nascimento da minha filha Alícia María. Em 2000.
Senti uma necessidade em saber mais, em criar um elo com aquelas 78 páginas de um livro-vida...

 
Carta da Temperança, do "Gaian Tarot" de Joanna Powell Colbert 




2)  Qual é a sua filosofia pessoal para ler Tarô ou Oráculo?
 
Eu vejo, sinto no Tarot uma experiência espiritual, religiosa, porém não permeada de "pirotecnia", de apresentações rocambolescas... E sim revestido de uma sacralidade tamanha, como se por meio dele, eu pudesse acessar [dentro de mim e fora de mim],  níveis tão profundos do meu sagrado, como quando ritualizo em festivais e datas especiais... Então ler o Tarot é para mim é manter um encontro sublime com uma energia que me vivifica e me torna melhor.  Assim as leituras jamais partem de mim dentro do que as pessoas em geral esperam: algo que se remete ao corriqueiro, ao trivial. A leitura tem que ser algo mais. 


Tarô "Daughters of the Moon" de Ffiona Morgan

 
3) Quais são os seus decks (Tarô e/ou Oráculo) favoritos? Por quê?


Costumo dizer que no único quesito da minha vida no qual não sou fiel, é exatamente esse: decks de Tarot! 
Me é impossível criar um laço único, eu me apaixono perdidamente por formas, cores, símbolos, e isso torna fácil que a sedução se imponha mil e uma vezes! 

Com tudo posso dizer que não me convencem decks muito masculinos ou permeados de informações "extras" ou alheias ao conceito base do Tarô, ou seja eu não possuo nem me vejo adquirindo decks aonde dados como símbolos alquímicos, de alta magia, ou cabalísticos tenham preponderância...

Ganhei de presente dum amigo muito "gentleman" o Wilwood Tarot, e confesso que estou em completo enlevo com ele... Mas de fato decks com um toque soturno são aqueles que me deixam em devaneios! Vide o Deviant Moon Tarot, o Bohemian Tarot!
Mas na minha pequena coleção é possível realizar um tour de formas partindo da leveza do Paulina Tarot, passando pelas cores vivas do Kitchen Tarot e chegando a um Deviant Moon enlouquecedor e surpreendente! 


"The Wise Woman´s Tarot" de Flash Silvermoon


4)  Como começou o seu envolvimento com os Oráculos do Feminino?
 
 Eu sou uma fêmea circular, matrística, feminista, e partindo destas premissas meu gosto por tudo aquilo que se remete a esse fazer pessoal, político e espiritual me é querido...
Daí que eu "garimpe" de forma quase cotidiana oráculos aonde o feminino é pauta.
Há claro uma grande dificuldade em encontrar material assim in loco, entre tanto essa procura permite que adentremos na ideologia de quem os concebe, e as dinâmicas transculturais aonde eles são paridos.


"Motherpeace tarot" de Vicki Noble e Karen Vogel


 
5) Por favor, fale-nos um pouco sobre o seu trabalho nos blogs de Tarô.
 
Eu sou "escrevinhadora", não diria escritora, pois é pretensão em demasia me entender assim... Me vejo como uma pessoa com necessidade premente em transpor com letras o que sente e pensa...

Por isto ter eu um fazer tão amplo de escrita em blogs.
Para o Tarot, eu dediquei especial espaço, e criei o Taroteando.
Nele elenco meus gostos, minhas descobertas e compartilho lunações.
Não objetivo ali uma produção "científica" sobre a Tarologia.
Apenas coloco meu ponto de vista, sobre decks, sobre minhas adquisições, sobre o meu fazer diário com o Tarot.
E devo dizer que escrever neste blog, me é um deleite, me é um momento aonde a leveza em estar falando, pensando e compartilhando algo sobre Tarot, proporciona estado de prazer. 


"Medicine Woman tarot" de Carol Bridges



6) Qual é o conselho que você daria para futuras tarólogas e estudantes de tarô?
Diria que não é coisa para um dia, um mês, ou uma semana.

É algo que se você permitir germina. E precisa para isso de subsídios, de tempo, de vontade e constância. Mas uma vez germinado se tem a certeza de que o Tarot e seu universo, são fatos permanentes para cada um, e veículos certeiros de auto-conhecimento e crescimento pessoal.

Para terminar eis meu agradecimento, e felicidade em poder falar de algo que me é tão querido, além da honra em receber este convite. 

Muito obrigada querida Aphrodisiastes! 

Sempre grata,

Luciana 

"Goddess Tarot" de Kris Waldherr
Muito obrigada, Luciana, por conceder essa entrevista e pelo seu maravilhoso trabalho em divulgar sobre o Tarô e o Sagrado Feminino no Brasil.
Bênçãos em IRMÃdade,
)O( Aphrodisiastes )O(


domingo, novembro 27, 2011

Entrevistando o Deck – "Gaian Tarot" de Joanna Powell Colbert

Entrevistando o Deck – Gaian Tarot  - de Joanna Powell Colbert
Joanna Powell Colbert e o Gaian Tarot publicado pela editora Llewellyn.
   Gaian Tarot é um brilhante tarot criado pela artista e taróloga Joanna Powell Colbert. Ela levou nove anos para completar o processo de pintura das cartas, que consistia de uma foto tirada com modelos vivos, o desenho e então a pintura. Ela se inspirou em belas cenas de uma ilha paradisíaca onde morou com seu esposo. Gaian Tarot é totalmente voltado para a celebração da Mãe-Natureza e seu nome “Gaian” é em homenagem a deusa grega Gaia que é a personificação do próprio planeta Terra. Suas cartas retratam pessoas vivendo em harmonia umas com as outras e com a natureza. Joanna renomeou os naipes (com os nomes de seus respectivos elementos), as cartas da corte e alguns dos Arcanos Maiores. As modificações foram feitas para que o deck se adequasse à filosofia ecológica proposta pela sua criadora. As mudanças são as seguintes nos Naipes: Fogo (no lugar de Paus); Água (no lugar de Copas); Ar (no lugar de Espadas) e Terra (no lugar de Pentáculos). Nos Arcanos Maiores: Buscadora (no lugar do Louco); Jardineira (no lugar da Imperatriz); Construtor (no lugar do Imperador); Professor (no lugar do Hierofante); Canoa (no lugar do Carro); Roda (no lugar da Roda da Fortuna); Árvore (no lugar do Enforcado); Trepadeira (no lugar do Diabo); Raio (no lugar da Torre); Despertar (no lugar do Julgamento) e Gaia - o Mundo (no lugar do Mundo). Nas cartas da corte: Crianças (no lugar dos Pajens); Exploradores (no lugar dos Cavaleiros); Guardiões (no lugar das Rainhas) e Anciões (no lugar dos Reis). Joanna também equilibrou o gênero das cartas da corte. Por isso há o mesmo número de homens e o mesmo número de mulheres. Inicialmente, Joanna publicava e vendia o Gaian tarot independentemmente. Agora ele é publicado e vendido pela editora Llewellyn. É um deck de tarô muito bonito e cheio de simbolismo sobre culturas pacíficas que vivem em equilíbrio com o meio ambiente.

1.      Qual é a sua essência enquanto tarô?
Dez de Água (10 of Water)
Minha essência é o ciclo de nascimento-morte-renascimento que sustenta a preservação da natureza e do ecossistema, bem como o equilíbrio da vida.

2.      Como você descreveria a minha essência enquanto taróloga?
13 - Morte (Death)
Tempo de renascer. Você está deixando partir (pré)conceitos sobre a sua prática com o tarô para que haja espaço para o novo conhecimento entrar. Um ciclo de renascimento está acontecendo em sua prática enquanto taróloga. E uma transformação renovará os seus métodos para melhor.

3.      Como você descreveria a nossa essência como um só oráculo?
Oito de Ar ( 8 of Air)
Desenvolveremos uma ótima relação conforme trabalhamos com outras pessoas (outros tarólogos ou consulentes). Nossa essência é compartilhar o conhecimento divino em um círculo de pessoas, onde ninguém é mais do que ninguém, onde não há começo e não há fim. Uma troca de aprendizados e ensinamentos entre iguais para que o bem comunal seja pleno.

4.      Como você prefere ser utilizado na divinação?
Quatro de Terra (4 of Earth)
De forma que você armazene e administre as informações e mensagens que lhe transmito. E não se esqueça de ser grata por cada uma das mensagens recebidas. Dessa forma, você pode construir uma prática sólida e abençoada ao ler os meus mistérios.

5.       Qual a sua mensagem para as pessoas?
Guardiã da Água (Guardian of Water)
 A mesma mensagem de uma mãe para os seus filhos. Quero que todos sintam as minhas bênçãos de amor e compaixão. Que as pessoas cuidem de suas emoções e de seus sentimentos como fossem um oceano sempre limpo e cheio de vida. É preciso seguir os seus sonhos, ouvir a sua intuição e confiar no fluxo de seu coração.

Para maiores informações sobre o Gaian Tarot, visite:

Bênçãos em IRMÃdade,
)O( Aphrodisiastes )O(


domingo, setembro 25, 2011

O que é Feminismo?

Olá, leitores
Sou Aphrodisiastes, uma bruxa diânica feminista, membro do coven Susan B. Anthony Coven Number 1 de Z Budapest e aluna do curso de Tarô Feminista de Z Budapest.
Meu intuito ao criar este blog é compartilhar, assim como desenvolver, materiais sobre oráculos e tarôs voltados para o sagrado feminino e/ou com cunho feminista.
Primeiro, eu gostaria de divulgar um trabalho excelente desenvolvido por Luciana Onofre sobre Oráculos do Feminino em seu blog com o mesmo nome. Se eu não me engano, este blog foi fundido com um blog coletivo chamado Divinnare, mas o conteúdo sobre Oráculos do Feminino foi mantido nos arquivos. Sugiro que vasculhem os arquivos do blog Divinnare, pois lá há muitas coisas preciosas sobre a arte divinatória feminista. Deixo, abaixo, o endereço de ambos os blogs, respectivamente:
http://tarotteando.blogspot.com/     -   Blog Taroteando de Luciana Onofre
http://divinnare.blogspot.com/        -   Blog coletivo Divinnare
           


         Gostaria de esclarecer algumas coisas antes de começar com os posts seguintes. Vamos falar sobre Feminismo. Sinto que ainda há muito preconceito entre mulheres e homens quando ouvem as palavras “feminismo” e “feminista”, como se fosse algum tipo de machismo às avessas. Isso é um mito e foi desenvolvido exatamente para desmerecer a importância do conceito feminista. Feminismo é a luta de mulheres (e de homens também) para combater a ideologia desigual de que um sexo é superior ao outro. O movimento feminista luta pela igualdade entre homens e mulheres, por um ambiente social justo para ambos. Nós, mulheres, não queremos ser homens, nem queremos o lugar deles, o que queremos é ser tratadas com consideração e respeito para que possamos alcançar de forma justa o nosso lugar (por direito) na sociedade em que vivemos e que ajudamos a construir.
Os homens machistas temem que as mulheres, com a sua liberação, retirem o falso status de poder que eles conseguiram através da subjugação e escravização do outro (neste caso, do sexo feminino). É como um senhor de engenho que não quer que seus escravos se emancipem, pois assim deixará de ser o senhor de alguém. Da mesma forma que um empresário explorador e tirano que não quer que seus funcionários estudem, formem sindicatos, tenham os seus direitos, pois ele poderia “perder o seu trono” e ter que lidar com uma relação entre iguais. Essa idéia de posse sobre o outro vem do patriarcado (que significa “governo do pai”). O patriarcado surgiu quando as tribos nômades (hordas), que cultuavam um deus de guerra e de violência, começaram a invadir e escravizar as demais tribos pacíficas não-nômades e que cultuavam a Deusa, matando os homens, as crianças e os idosos e escravizando as mulheres para que fossem as suas concubinas. Ao mesmo tempo, essas hordas impunham a fé em seu deus, um deus opressor e de derramamento de sangue. E como elas eram governadas pela linhagem masculina, somente homens tinham poder, e viam tudo o que era feminino como inferior e digno de ser dominado pelo masculino, receberam o nome de patriarcado.
            Desde então, as mulheres vêm sofrendo repressões e violências sem igual, barbaridades que variam a sua forma, sua intensidade e sua freqüência conforme a época e a região, mas a crueldade é sempre a mesma. E hoje temos o machismo (originado do patriarcado) que, segundo o dicionário Michaelis, significa: sm (macho+ismo) 1 Atitude ou comportamento de quem não admite a igualdade de direitos para o homem e a mulher, sendo, pois, contrário ao feminismo. Enquanto que para o Feminismo temos a seguinte definição: sm (lat femina+ismo) 1 Sociol Movimento iniciado na Europa com o intuito de conquistar a equiparação dos direitos políticos e sociais de ambos os sexos. Que fique claro que o Feminismo defende os direitos iguais para ambos os sexos. Por isso, se você, homem ou mulher, acredita que deve haver um mundo justo tanto para homens quanto para mulheres, sejam bem-vindas/os. Você é um/a feminista! E não tenha vergonha de dizer isso. Se alguém é contra o racismo, o machismo, a xenofobia, a pedofilia, a homofobia etc, por que não ser contra a forma de injustiça contra as mulheres? Injustiça é injustiça e precisa ser combatida! Sou feminista e me orgulho disso.
Feminismo não é machismo ao contrário. O oposto ao machismo é o femismo. Esse termo foi criado para designar a idéia desigual de mulheres sendo superiores aos homens e, por isso, devendo dominá-los. Lembram-se daquelas piadinhas pseudofeministas que às vezes recebemos em nossos e-mails, que contam sobre uma mulher que subjugou um homem? Essas piadas são femistas e não Feministas. Feminismo defende a igualdade entre os sexos. Não há oposto ao Feminismo, pois a criação do Machinismo nunca foi necessária, os homens sempre foram respeitados enquanto homens e foram raras as ameaças aos seus direitos.
Para que o movimento feminista fosse desacreditado, várias mentiras e mitos foram inventados. Nós não matamos os nossos maridos nem os nossos filhos, não somos antifamília (acreditamos em uma nova concepção de família, com a igualdade de diretos entre os pais), não nos tornamos lésbicas simplesmente por sermos feministas (respeitamos a livre escolha de cada um e somos a favor da diversidade sexual) e só praticam bruxaria aquelas que assim desejam (o Feminismo defende a liberdade religiosa e combate as religiões que oprimem as mulheres).
Espero que com esse breve post eu tenha conseguido desmistificar alguns preconceitos sobre o que é Feminismo. Muitos desses preconceitos nos foram ensinados e muitas vezes os aceitamos sem questioná-los. Precisamos romper esse paradigma e mudar essa situação injusta. Precisamos desaprender o errado e reaprender o que realmente é certo. Como disse Glória Steinem: “O primeiro problema para todos nós, homens e mulheres, não é aprender, mas desaprender.”.

Três de Copas (Tarô Rider Waite Smith)
Bênçãos em IRMÃdade,
)O( Aphrodisiastes )O(