quarta-feira, setembro 28, 2011

Tarô Diânico - por Z Budapest

Tarô Diânico

Z Budapest conversa sobre Leituras de Tarô


Z Budapest

Em 1975, Z Budapest foi presa por ler cartas de Tarô para uma policial disfarçada. Ela perdeu o julgamento, mas venceu a causa e a lei contra psíquicos foi revogada nove anos depois, por meio de seus implacáveis esforços.
Você já viu cartomantes nas calçadas das cidades? Eles montam uma mesa, mulheres e homens nos dias de hoje, sentam-se lá, usando suas echarpes especiais ou suas camisas tingidas. Você já observou como os seus rostos se inclinam sobre as cartas, examinando-as, e depois eles olham nos olhos do consulente e dizem o que veem? Como a sabedoria pode estar tão prontamente disponível? Como a sabedoria pode ser tocada por aquelas pessoas, seriam elas impostoras assustando os outros ou estariam realmente dizem algo importante?
Eu sou uma dessas pessoas, mas eu não “leio” nas ruas, eu prefiro a leitura pelo telefone. Muitas vezes as pessoas querem estar no mesmo local que eu para que eu possa senti-las. Eu digo a elas que isso só me confundiria. Eu não preciso vê-las e senti-las, porque isso me forneceria uma determinada atitude. Meu segredo é ficar de lado e deixar a sabedoria vir por meio do Tarô.
Na verdade, eu não estou fazendo nenhum trabalho deslumbrante. Eu estou simplesmente “lendo” como uma página de um livro. Eu consigo visualizar claramente a história sem ver a pessoa para quem estou lendo. 
Eu posso confiar sempre no Tarô para uma leitura verdadeira? Na maioria das vezes tenho um sistema que utilizo para ter certeza de que não estou sendo enganada. Eu não preciso de nada do consulente, apenas a idade e o signo do zodíaco. Então eu ponho as cartas, depois de embaralhá-las cuidadosamente.
A primeira carta, o significador, é autogerada. Eu não a escolho. Deixo que a primeira carta conte sobre a condição do consulente. Uma vez que a Cruz Celta estiver organizada, eu posso examinar a carta do Passado recente. Este é um teste crucial. A consulente pode verificá-lo? A consulente deve ser capaz de confirmar se esse é o seu passado recente. Se ela confirmar, então esta é a sua leitura. Nenhuma tolice deve ser encorajada.
Algumas vezes o Tarô é caprichoso. Eu tenho um relacionamento com os “espíritos” responsáveis por fazerem as cartas aparecerem e se eu pergunto alguma coisa óbvia, algumas vezes, muito raramente, eles evitam responder. Em momentos como este eu desisto da leitura. Espero até que espíritos melhores retornem, espíritos que queiram trabalhar comigo. E esse fato nos faz questionar: quem são esses espíritos? Eu não acho que eles sejam espíritos com um nome, um endereço e um passado, ex-pessoas ou alguma coisa assim. Eu acho que o Tarô opera como o Universo opera, ao acaso. Nada é acidental. Se você brincar com o Universo, ela seguirá as próprias regras. O acaso é a sua regra. Neste acaso vivem os Oráculos.
Neste momento, eu faço uma pergunta e distribuo as cartas em forma de ferradura, fechando os meus olhos, tendo a certeza de pegar uma carta sem nenhuma razão lógica. Na verdade, qualquer tipo de razão já é uma tentativa de controlar o acaso. Se eu fizer isso, as respostas serão evasivas. Mais uma vez eu tenho que ficar de lado. Pôr três cartas aleatoriamente, sem nenhuma razão é o modo de se proceder. Elas geralmente respondem de modo muito claro.
Ler para amigos ou para familiares também é complicado. Eu já tenho uma atitude pré-determinada com eles. Eu tenho um relacionamento com eles, amo eles, quero dar-lhes boas notícias. Peça para outro tarólogo realizar essa leitura. Geralmente, eu não consigo fazer leituras com pessoas muito próximas e queridas. Essas leituras não são tão claras como aquelas feitas para pessoa estranhas.
A idade tem bastante a ver com a precisão da leitura. Conforme eu fico mais velha, eu sinto que estou mais confortável com o Tarô. Eu consigo ler de um modo que as consulentes “consigam entender” a mensagem, então eu acrescento, às minhas descobertas, exercícios, rituais e lições de casa para que elas deem seguimento às suas leituras.
Eu também tenho mais experiência sobre o círculo da vida, comparado com as pessoas mais jovens. Eu posso evocar como é ser mais jovem ou como era ter os meus cinqüentas ou como é passar pelos ciclos de Saturno, posso compartilhar esse conhecimento com as pessoas. Eu acho que esses insights adicionais de astrologia me ajudam a ver onde a cliente está em seu círculo de vida.
O Tarô é baseado na sábia Kabbala; um tesouro de grande sabedoria antiga; a astrologia antiga conforme é hoje decifrou os marcos de nossas vidas e o período no qual estamos sob a “magia” de uma mudança estelar. Com tudo isso e mais um conhecimento considerável de bruxaria, eu posso ser muito útil para qualquer pessoa que esteja passando por grandes problemas, que esteja em depressão, que precise tomar decisões melhores ou que precise olhar um pouco adiante para enxergar o que virá.  
Claro, eu uso o Tarô para me consolar. Não importa o quão confusa eu esteja, com o coração partido, se a vida estiver me impulsionando para o desespero, uma leitura de Tarô sobre esta questão sempre me faz lembrar a transitoriedade de todas as coisas e que a Mudança é a lei. Eu sinto conforto quando vejo que não há como fugir da Mudança.
Minha paixão por ler o Tarô vem e vai. Depois que eu derrotei a lei antiadivinhação (levou nove anos e mais as atuações gratuitas de muitas advogadas feministas) que proibia também os tarólogos, eu me aborreci com as leituras por um tempo. Mas a minha paixão está retornando. É bom colocar as cartas e deixar as mensagens amadurecerem como um bom vinho na adega. A profecia também precisa de tempo para amadurecer. Fazer muitas leituras em um dia faz com que essa prática torne-se um “emprego” e eu acredito que o Tarô não quer ser um Emprego. É uma ocasião especial, uma aleatoriedade especial que traz as condições para uma ótima leitura. Por que arruinar isso?    
Eu aconselho os meus clientes a estudarem o Tarô. Assim, quando eu ler para eles, eu posso compartilhar os nomes das cartas e eles podem meditar sobre elas depois. Desde os anos setenta, o Tarô ascendeu de um obscuro e “jocoso” jogo de salão para uma grande ferramenta de psicologia, cuja espiritualidade, que tinha sido soterrada, renascida da poeira. Nós ganhamos uma ferramenta sofisticada para aconselhar uns aos outros e fortalecer a nossa crença de que não estamos sós, o Universo está ciente de nossas vidas e quer que aproveitemos nosso trajeto nas costas da Terra azul e verde. 

Este é o presente mais precioso que já recebemos.

Cavaleiro de Copas, Nove de Pentáculos e a Estrela (Tarô Rider Waite Smith)
Bio: Z Budapest é a autora de oito livros sobre Espiritualidade das Mulheres e sobre a Deusa. Ela dá aulas online no Colégio da Deusa para a nova geração de mulheres rebeldes e de espíritos fortes.

terça-feira, setembro 27, 2011

Você sabe como avaliar se um deck de tarô ou oráculo é feminista?


Você sabe como avaliar se um deck de tarô ou oráculo é feminista?
Vamos aprender isso agora?
Para entender melhor como eu realizo a minha avaliação, vou explicar o conceito no qual me baseio. A atriz feminista Geena Davis (Thelma e Louise – com Susan Sarandon, Uma Liga Especial – com Tom Hanks, Rosie O´Donnel e Madonna, e a série Commander in Chief na qual ela interpreta a primeira presidenta dos Estados Unidos) fundou um instituto chamado Geena Davis Institute on Gender in Media (Instituto Geena Davis sobre Gênero na Mídia) para analisar e avaliar filmes e desenhos, assim como o número de personagens de ambos os sexos e os papéis que eles representam. Já notaram que em desenhos e filmes infantis a maioria dos personagens é masculina? Exemplos: A Caverna do Dragão, Smurfs, Toy Story, Muppet Babies, Capitão Planeta, Tartarugas Ninja, etc. E o papel de líder geralmente é realizado pelos personagens masculinos, deixando as personagens femininas (que são minoria) em posição de passividade. Este fato interfere na concepção das crianças (meninas e meninos) sobre gênero e papéis sociais. É uma mensagem subliminar sobre desigualdade sexual, enfatizando que homens devem liderar e mulheres devem ser lideradas, que homens são a maioria ativa e as mulheres são a minoria passiva. É por meio desse conceito que eu baseio minha análise dos tarôs e dos oráculos.


Tarô Rider Waite Smith - Arcanos Maiores: O Hierofante, O Louco e A Temperança.


Passo 1 - Contagem:
Conte quantos personagens femininos e masculinos há no deck.  Por exemplo, sem incluir figuras andrógenas, ambíguas e impossíveis de se identificar, a minha contagem do deck de Tarô Rider Waite Smith foi de:
67 personagens masculinos.
25 personagens femininos.
            Deve-se levar em consideração que este deck apresenta, nas cartas da Corte, uma desigualdade entre o número de personagens masculinos e femininos, com: 4 Pagens, 4 Cavaleiros e 4 Reis para apenas 4 Rainhas. É preciso esclarecer que não é apenas o número de personagens que conta, mas principalmente o papel desempenhado por cada um destes personagens.
Passo 2 – Análise dos Papéis desempenhados pelos Personagens:
Personagens Femininos: Em minha análise, há mais homens desempenhando papéis de iniciativa e de liderança do que mulheres. A estas coube o papel de introspecção. A Rainha de Espadas porta a sua espada em sua mão direita de forma branda, enquanto apazigua com a sua mão esquerda, muito diferente dos personagens masculinos que aparecem com espadas no decorrer do deck (Pagem de Espadas, Cavaleiro de Espadas,...). A Lua e o Mundo demonstram personagens femininas em um deslumbre introspectivo, como um transe. A Justiça é uma das poucas cartas que mostra iniciativa e liderança, ela pesa e, se julgar necessário, toma a iniciativa de punir ou absolver. As Rainhas são mais contemplativas, enquanto umas contemplam o mundo interior (Rainha de Copas e Rainha de Pentáculos), as outras contemplam o mundo exterior (Rainha de Paus e Rainha de Espadas). A Rainha de Espadas é a que demonstra maior relação com o mundo exterior, ao estender a sua mão esquerda, como se estivesse chamando ou abençoando. A Alta Sacerdotisa e a Imperatriz permanecem sentadas, olhando para o consulente como se esperassem que alguém tomasse a iniciativa de ir até elas, novamente com o foco no mundo emocional e interior. O Nove de Pentáculos mostra uma mulher segura, porém passiva, como se não estivesse interessada em trilhar uma jornada de crescimento, pois está satisfeita com sua estabilidade. A Força é outra carta que retrata uma mulher tendo uma iniciativa. Mesmo com o seu semblante sereno (não há mulheres neste deck com semblante de fúria ou de raiva), ela se esforça para domar o leão. Este é o caminho que ela escolheu (ou que ela precisa trilhar). Assim ela o faz com liderança e determinação. O Oito de Espadas é a carta onde a personagem feminina é representada de forma mais passiva. As oito espadas fincadas no chão demonstram a incapacidade (ou a falta de vontade) dessa mulher de tomar a iniciativa para se libertar dessa situação de total opressão na qual foi colocada (ou na qual se colocou). Por fim, o Três de Copas, esta carta mostra três mulheres festejando, embora o tema não seja propriamente iniciativa, podemos concluir que elas festejam o alcance de alguma meta pela qual lutaram juntas.  
Personagens Masculinos: Comparados com as Rainhas, que não olham diretamente para o consulente, há dois Reis que olham (Rei de Copas e Rei de Espadas). O seu olhar tem a mesma segurança da mulher na carta da Justiça. Os outros Reis (Rei de Pentáculos e Rei de Paus) contemplam o mundo externo. Avaliação de novas jornadas (Dois de Paus), batalhas (Cinco de Paus), caridade e auxílio (Seis de Pentáculos) são características de liderança atribuídas aos personagens masculinos neste deck. Você não vê uma mulher montada em um cavalo, o que simboliza objetividade e iniciativa. Até mesmo em imagens opressoras como no caso do Dez de Paus e do Cinco de Espadas, houve iniciativa desses personagens masculinos que acabaram liderando para situações não tão agradáveis, mas houve uma ação de livre e espontânea vontade. Não encontramos uma mulher sendo recebida com uma coroa de louros e com estima pela população como no caso do cavaleiro na carta Seis de Paus. Somente homens podem ser cavaleiros e heróis?! Nas cartas do Carro, Louco (que tem aparência andrógina, mas por causa da tradução para o português, acabou pertencendo a um gênero específico) e Eremita, vemos personagens masculinos que foram em busca de algo, que iniciaram a sua jornada por livre e espontânea vontade e independente da opinião alheia.
Personagens Femininos e Masculinos em uma mesma carta: A carta dos Enamorados mostra uma representação equilibrada de ambos os sexos, com um anjo assexuado sobre eles, abençoando-os. Porém, a conotação bíblica de Adão e Eva corrompe esse equilíbrio. A mensagem bíblica é: Eva recebe mensagens do diabo por meio da serpente na macieira, já Adão recebe mensagens de deus por meio do fogo na sarça ardente. Bem sabemos que a macieira era uma árvore devotada à Deusa (assim como toda a natureza vegetal, animal e mineral) e a serpente era o Seu animal sagrado. A mulher, por sua vez, era a Sua sacerdotisa. Como o patriarcado queria combater e desacreditar o poder da Deusa e a autonomia das mulheres, este mito de Adão e Eva foi criado com a mulher sendo a culpada pelo pecado original, com a maçã sendo fruto da tentação (na verdade, era o fruto do conhecimento) e com a serpente sendo o agente enviado pelo próprio diabo (na verdade, a serpente era um símbolo antigo da Deusa e representava renovação e renascimento por causa de sua troca de pele). Na bíblia, a gênese foi último livro escrito, embora ele seja tido como o primeiro. Foi preciso escrevê-lo depois que a bíblia já tinha sido finalizada, pois era preciso criar um modo de atribuir o mal à mulher e fazê-la submissa ao homem, já que os demais livros não apresentavam um motivo claro para isso.


Tarô Rider Waite Smith - Arcanos Maiores: os Enamorados e o Diabo.

Na carta do Diabo (carta oposta aos Enamorados), há também um equilíbrio entre os sexos, mas há uma “cauda” nos personagens que faz alusão à natureza na mulher (a mulher e a natureza eram associadas por causa de seus ciclos; os homens patriarcais sempre tentaram domá-las e subjugá-las, pois as julgavam imperfeitas) e à sarça ardente no homem (o homem como o único mensageiro de deus, puro e superior, aquele com o fogo da iluminação).
Segundo a minha análise, as cartas que apresentam total igualdade entre os sexos são: o Julgamento, Dez de Copas, Cinco de Pentáculos, a Torre, Quatro de Paus e Dois de Copas. Há um equilíbrio e uma abordagem voltada ao companheirismo (até mesmo em situações difíceis), onde um não é melhor que o outro, os dois são considerados da mesma forma.
Passo 3 – Cartas-chave:
Cada deck de tarô ou oráculo possui a sua forma particular de visualizar e interpretar o mundo. Por isso, é preciso analisar a proposta do criador do deck para compreender melhor essa visão de mundo. Há cartas de grande importância nesse processo de avaliação. Preste atenção nas seguintes cartas: a Alta Sacerdotisa, a Imperatriz, a Força, a Justiça, a Estrela, o Mundo, o Três de Copas, o Nove de Pentáculos e as Rainhas. Essas cartas representam a forma como o criador do deck entende a mulher, o feminino e o papel das mulheres na sociedade. Verifique também se há Princesas (personagens femininos) ao invés de Pagens (personagens masculinos).
Passo 4 – Informações do Criador e do Deck:
Leia atentamente o livro que vem junto com o deck. Analise as interpretações das cartas (normais e invertidas), assim como as tiragens e a história de criação. Procure ler entrevistas do criador do deck falando sobre o processo de produção, inspiração, conclusão, expectativas, objetivos,... Esse baralho será a sua ferramenta para conectar a Divindade dentro e fora de você, por isso é preciso estar segura de não estar utilizando uma ferramenta que trás mensagens subliminares misóginas, machistas e preconceituosas. Procure se informar sobre outras pessoas que utilizam/utilizaram esse deck (há ótimas revisões de decks de tarô e oráculos na internet, pesquise no Google), o que eles acharam de bom e de ruim. Depois de reunir informação, gere a sua própria opinião.
Passo 5 – Pergunte a si mesma e ao próprio Tarô/Oráculo:
Faça perguntas sobre como você se sente em relação a determinado deck ou oráculo. Por que prefere um a outro? O que te faz se sentir bem com este? O que te faz se sentir mal? Tem dificuldades? Tem facilidades? Quais? Qual é a sua carta preferida? Qual a sua carta menos preferida? Por que? O oráculo/tarô fala com você? Como? Fique livre para acrescentar outras questões. É muito importante saber sobre a relação entre você e o seu baralho.
            Pergunte ao próprio Tarô/Oráculo. Isso mesmo, pergunte a ele: Você engloba o conceito feminista? Qual é o ensinamento (feminista ou outro tido de ensinamento) que você vem me transmitir? Qual a melhor maneira de te utilizar? Como posso estabelecer uma relação feminista e divina com você? Tire uma ou até três cartas para cada pergunta. Dessa forma, você estará respeitando as Deusas do Destino e permitindo que elas se expressem com ensinamentos para a melhor forma de se comunicar por meio desse determinado tarô/oráculo.
            Espero que essas dicas tenham ajudado. Saibam que de maneira alguma a minha opinião/análise é a verdade absoluta e que você é livre para concordar, discordar ou adaptar o que sugeri aqui. O Tarô é uma prática pessoal e íntima. E o respeito e a liberdade são sempre incentivados.
       Bênçãos em IrmÃdade,

)O( Aphrodisiastes )O(

domingo, setembro 25, 2011

O que é Feminismo?

Olá, leitores
Sou Aphrodisiastes, uma bruxa diânica feminista, membro do coven Susan B. Anthony Coven Number 1 de Z Budapest e aluna do curso de Tarô Feminista de Z Budapest.
Meu intuito ao criar este blog é compartilhar, assim como desenvolver, materiais sobre oráculos e tarôs voltados para o sagrado feminino e/ou com cunho feminista.
Primeiro, eu gostaria de divulgar um trabalho excelente desenvolvido por Luciana Onofre sobre Oráculos do Feminino em seu blog com o mesmo nome. Se eu não me engano, este blog foi fundido com um blog coletivo chamado Divinnare, mas o conteúdo sobre Oráculos do Feminino foi mantido nos arquivos. Sugiro que vasculhem os arquivos do blog Divinnare, pois lá há muitas coisas preciosas sobre a arte divinatória feminista. Deixo, abaixo, o endereço de ambos os blogs, respectivamente:
http://tarotteando.blogspot.com/     -   Blog Taroteando de Luciana Onofre
http://divinnare.blogspot.com/        -   Blog coletivo Divinnare
           


         Gostaria de esclarecer algumas coisas antes de começar com os posts seguintes. Vamos falar sobre Feminismo. Sinto que ainda há muito preconceito entre mulheres e homens quando ouvem as palavras “feminismo” e “feminista”, como se fosse algum tipo de machismo às avessas. Isso é um mito e foi desenvolvido exatamente para desmerecer a importância do conceito feminista. Feminismo é a luta de mulheres (e de homens também) para combater a ideologia desigual de que um sexo é superior ao outro. O movimento feminista luta pela igualdade entre homens e mulheres, por um ambiente social justo para ambos. Nós, mulheres, não queremos ser homens, nem queremos o lugar deles, o que queremos é ser tratadas com consideração e respeito para que possamos alcançar de forma justa o nosso lugar (por direito) na sociedade em que vivemos e que ajudamos a construir.
Os homens machistas temem que as mulheres, com a sua liberação, retirem o falso status de poder que eles conseguiram através da subjugação e escravização do outro (neste caso, do sexo feminino). É como um senhor de engenho que não quer que seus escravos se emancipem, pois assim deixará de ser o senhor de alguém. Da mesma forma que um empresário explorador e tirano que não quer que seus funcionários estudem, formem sindicatos, tenham os seus direitos, pois ele poderia “perder o seu trono” e ter que lidar com uma relação entre iguais. Essa idéia de posse sobre o outro vem do patriarcado (que significa “governo do pai”). O patriarcado surgiu quando as tribos nômades (hordas), que cultuavam um deus de guerra e de violência, começaram a invadir e escravizar as demais tribos pacíficas não-nômades e que cultuavam a Deusa, matando os homens, as crianças e os idosos e escravizando as mulheres para que fossem as suas concubinas. Ao mesmo tempo, essas hordas impunham a fé em seu deus, um deus opressor e de derramamento de sangue. E como elas eram governadas pela linhagem masculina, somente homens tinham poder, e viam tudo o que era feminino como inferior e digno de ser dominado pelo masculino, receberam o nome de patriarcado.
            Desde então, as mulheres vêm sofrendo repressões e violências sem igual, barbaridades que variam a sua forma, sua intensidade e sua freqüência conforme a época e a região, mas a crueldade é sempre a mesma. E hoje temos o machismo (originado do patriarcado) que, segundo o dicionário Michaelis, significa: sm (macho+ismo) 1 Atitude ou comportamento de quem não admite a igualdade de direitos para o homem e a mulher, sendo, pois, contrário ao feminismo. Enquanto que para o Feminismo temos a seguinte definição: sm (lat femina+ismo) 1 Sociol Movimento iniciado na Europa com o intuito de conquistar a equiparação dos direitos políticos e sociais de ambos os sexos. Que fique claro que o Feminismo defende os direitos iguais para ambos os sexos. Por isso, se você, homem ou mulher, acredita que deve haver um mundo justo tanto para homens quanto para mulheres, sejam bem-vindas/os. Você é um/a feminista! E não tenha vergonha de dizer isso. Se alguém é contra o racismo, o machismo, a xenofobia, a pedofilia, a homofobia etc, por que não ser contra a forma de injustiça contra as mulheres? Injustiça é injustiça e precisa ser combatida! Sou feminista e me orgulho disso.
Feminismo não é machismo ao contrário. O oposto ao machismo é o femismo. Esse termo foi criado para designar a idéia desigual de mulheres sendo superiores aos homens e, por isso, devendo dominá-los. Lembram-se daquelas piadinhas pseudofeministas que às vezes recebemos em nossos e-mails, que contam sobre uma mulher que subjugou um homem? Essas piadas são femistas e não Feministas. Feminismo defende a igualdade entre os sexos. Não há oposto ao Feminismo, pois a criação do Machinismo nunca foi necessária, os homens sempre foram respeitados enquanto homens e foram raras as ameaças aos seus direitos.
Para que o movimento feminista fosse desacreditado, várias mentiras e mitos foram inventados. Nós não matamos os nossos maridos nem os nossos filhos, não somos antifamília (acreditamos em uma nova concepção de família, com a igualdade de diretos entre os pais), não nos tornamos lésbicas simplesmente por sermos feministas (respeitamos a livre escolha de cada um e somos a favor da diversidade sexual) e só praticam bruxaria aquelas que assim desejam (o Feminismo defende a liberdade religiosa e combate as religiões que oprimem as mulheres).
Espero que com esse breve post eu tenha conseguido desmistificar alguns preconceitos sobre o que é Feminismo. Muitos desses preconceitos nos foram ensinados e muitas vezes os aceitamos sem questioná-los. Precisamos romper esse paradigma e mudar essa situação injusta. Precisamos desaprender o errado e reaprender o que realmente é certo. Como disse Glória Steinem: “O primeiro problema para todos nós, homens e mulheres, não é aprender, mas desaprender.”.

Três de Copas (Tarô Rider Waite Smith)
Bênçãos em IRMÃdade,
)O( Aphrodisiastes )O(